SAÚDE

Até que ponto precisamos nos preocupar com a febre maculosa?

Foto Divulgação/Prefeitura de Jundiaí

 

Há algumas semanas chamaram a atenção os casos de febre maculosa no estado de São Paulo, inclusive com mortes confirmadas de pessoas que estiveram na região de Campinas. Dos sete casos registrados seis tiveram desfecho fatal. Nesta semana, um novo caso foi registrado em São Sebastião, no litoral do Estado. No total, são 19 casos em naquele Estado. 

 

A doença é infecciosa e é transmitida especialmente pelo carrapato-estrela. Não há possibilidade de transmissão entre seres humanos e o inseto precisa estar contaminado com a bactéria R. rickettsii. Esta bacteria geralmente está em cavalos, capiravas e gambás e o carrapato se contamina picando estes animais. 

 

Mas o sul do Brasil e a região norte do Rio Grande do Sul precisam estar preocupados com isso? A médica dermatologista, Clarissa Mitri Espanhol, explica que o carrapato  trasmissor da doença não é comum no Estado. Nos últimos cinco anos, foram registrados casos mais brandos e transmitidos por outros tipos de carrapatos, que nao transmitem a forma mai grave. 

 

Ela salienta que o alerta é para o fato de se a pessoa com sintomas viajou para regiões onde há incidência do inseto e onde há casos confirmados, como a região sudeste do Brasil. Esta informação é crucional para que o médico possa diagnosticar a doença, visto que os sintomas se assemelham a outras enfermidades como gripe e dengue. "Dores no corpo, febre, dores de cabeça. Em alguns casos aparecem manchas pelo corpo. Se não tiver o hstórico da ida para uma área de mata, já que o carrapato transmissor não é o mesmo encontrado no cão e no boi, é difícil suspeitar de febre maculosa", menciona a profissional. 

 

Clarissa menciona também que o inseto fica grudado ao corpo por 4h para que possa contaminar uma pessoa. Em algumas vezes, é possível visualizar e a retirada dele é bem difícil, sendo necessária a utilização de uma pinça. "O que se orienta é que a pessoa que visualiza o bichinho tentar coloca-lo em um recipiente para levar no momento da consulta, pois a Vigilância Epidemiológica poderá analisar qual carrapato é e fazer uma notificação", coloca. 

 

Falando especificamente da própria área de atuação, Clarissa expõem que as manchas na pele podem surgir a partir do terceiro dia depois da infecção, nada muito específico, que indique que o paciente esteja com febre maculosa. As manchas podem ter tom rosa, avemermelhado e algumas mais rubras e violácias, nos casos mais hemorágicos. Nos casos letais, a doença acomete rins, fazendo com que a pessoa até pare de urinar, além de causas danos no sistema nervoso e o fígado aumentado. 

 

O local da picada pode apresentar um machucado, com o surgimento de "casquinha", ou pontinhos escuros. Pessoas mais alérgicas podem apresentar uma inflamação no local. 

 

O diagnóstico é clínico, embora existam exames de sangue que confirmem ou descartam a febre maculosa. No entanto, o positivo aparece apenas após sete dias dos sintomas, e não é recomendado aguardar para iniciar o tratamento que é feito com antibióticos. 

 

Para se proteger, Clarissa aconselha evitar regiões críticas, mas se não puder, usar roupas que cubram o corpo. 

 

 

Clarissa Mitri Espanhol, médica dermatologista (Foto Mara Steffens/O Correspondente)

 

Doença é monitorada no Estado

Há alguns dias, as secretarias da Saúde (SES) e da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) emitiram nota reforçando que monitora a situação e reforçaram que a forma potencialmente letal de Febre Maculosa nunca foi registrada no Rio Grande do Sul.

 

De acordo com dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan Net), entre  2007 e 2022, foram confirmados 17 casos de febre maculosa no RS, sem nenhum óbito. Até o momento, em 2023, não há confirmação de casos no Estado.

Data: 22/06/2023 - 14:28

Fonte: Mara Steffens

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